Review dos filmes Kodak Portra

Kodak Portra – Review da família de filmes

O Kodak Portra 400 é certamente o meu filme fotográfico preferido. O meu Santo Graal da fotografia analógica. Por isso decidi fazer um artigo explicando porque gosto da família de filmes Portra e quais acredito ser suas maiores vantagens. Espero que goste do review.

O review está dividido nos seguintes tópicos:

  1. Apresentação da família Kodak Portra
  2. Tons e cores do filme
  3. Latitude e alcance dinâmico
  4. Grão e nitidez
  5. Melhores aplicações e vantagens em relação a outros filmes

Família Kodak Portra

A família foi lançada em 1998 pensada principalmente para retratos e casamentos. Você pode encontrar os Portra em formato 35mm, 120 e 4×5 com sensibilidades 160, 400 e 800. Até 2010 era possível encontrar os Kodak Portra 400 e 160 nas versões NC (neutral color) e VC (vivid color).

Família de filmes Portra da Kodak

Estas versões existiam para oferecer diferentes níveis de contraste e saturação quando impressa, já que era mais difícil ajustar contraste e cores no ampliador.

A partir de 2010 a Kodak entendeu que as pessoas não mais imprimiam por processo ótico (ampliador), e sim através de um arquivo de filme digitalizado.

Na digitalização de negativos é muito mais fácil controlar saturação e contraste da imagem final. Por isso a Kodak decidiu mesclar as emulsões neutras e vívidas e um só filme. Hoje em dia você pode encontrar os filmes Portra nas versões abaixo. Postei uma foto representando cada um, sob condições similares de iluminação.

Kodak portra 160

O Kodak Portra 160 apresenta o grão mais fino de toda a família permitindo retirar os maiores arquivos tanto na digitalização quanto ampliação.

Modelo com

Oferece tons similares ao Kodak Portra 400, com destaque para as tonalidades de azul bem características. Considero estes tons de azul (quando existe azul na cena fotografada) a marca principal desse filme.

É o meu filme preferido para usar em retratos de estúdio, quando a velocidade do filme não importa tanto. Veja as informações do fabricante aqui.

Kodak portra 400

O Kodak Portra 400 oferece os melhores tons de pele e saturação de cor em uma ampla gama de condições de iluminação.

Review do Portra 400 - Retrato de modelo em estúdio com fundo rosa

Uso uma Pentax 67II, uma a câmera ineficiente para captar luz. Também estou sempre usando aberturas mais fechadas. Por isso o Kodak Portra 400 é o meu preferido pois alia velocidade a grão fino.

Seus tons de pele são os que considero melhores. Além disso, é o filme da família Portra com maior latitude tanto de exposição quanto para interpretação de cores no scanner. Info do fabricante.

Kodak portra 800

O filme Kodak Portra 800 oferece todas as vantagens de um filme de alta velocidade, além de granulação mais fina e tons de pele naturais (para um filme 800).

Retrato com 800 em studio

Segundo a Kodak este filme oferece a melhor latitude de subexposição da categoria, com a capacidade de puxar para 1600 quando você precisa de velocidade extra. Ideal para fotografar ação rápida ou cenas com pouca luz. Informações técnicas.

Pessoalmente, é o que gosto menos na família Portra, por considerar o grão um pouco demais para meu uso.

Tons e cores

A partir daqui todas as informações apresentadas no review são fruto de experiência pessoal. Nada do que falo foi testado de maneira científica, portanto deve ser considerado como opinião.

Os tons são certamente a característica pela qual todos os Portra são reconhecidos. São mundialmente usados por fotógrafos de todas as áreas por seus tons levemente apagados. As cores pastéis ficam especiais quando fotografadas com qualquer filme da família.

Review de tons pastéis da linha Portra da Kodak
Portra 400

É um dois principais motivos pelo qual uso esta linha de filmes. Tudo que possui cor em uma cena ganha tonalidades que nunca consegui alcançar usando minha câmera digital.

No 160 o destaque fica nos azuis que ganham uma tonalidade única, viva, mas ao mesmo tempo suave.

Retrato de modelo com deitada olhando diretamente para a câmera para review de filme
portra 160

No 400 por sua vez são os tons de laranja, amarelo e vermelhos que têm a personalidade mais acentuada. Mesmo para objetos de cores saturadas o filme mantém sua característica de cor levemente apagada. Esta capacidade é o que faz o Portra 400 entregar seus tons de pele típicos.

Em todos os filmes da família, quando mais superexposto, mais lavados ficam todos os tons.

Ensaio de casal no mar em encosta verde

Leve-se em conta que todos os filmes aqui citados são balanceados para a luz do dia. Nunca consegui bons resultados de tons quando tentei usá-los em luzes de temperaturas muito distantes da luz padrão do dia. Aceito comentários provando o contrário neste review.

Já que mencionei exposição, vamos para o review da latitude.

Latitude e Alcance Dinâmico

A segunda característica que me fez escolher a família como a minha favorita (principalmente o 400) é a extensa, gigante, enorme latitude de exposição.

Modelo mulher loira deitada em pilha de cobertores em quarto de tons claros
Com tranquilidade a luz fora do quarto tinha +8 stops de diferença da luz no quarto. Mesmo assim as informações do lado de fora são mantidas, eu tendo fotometrado na sombra da perna da modelo – com Portra 400

Parece ser impossível superexpor os filmes até a branquidão total. Acredite, eu testei. Você precisaria errar muito a fotometria. Descobri a enorme latitude dos Portra quando consegui certa vez 2 rolos de Fuji Superia 400 (um filme amador) em formato 120. Fotometrei como sempre faço normalmente e qual não foi a surpresa quando obtive imagens com as altas luzes estouradas. Completamente brancas ou quase.

Gosto de usar estes filmes porque tenho uma preferência por atingir 100% de informação da cena, mesmo em cenas com grande diferença de intensidade de luz.

É possível ver aqui uma foto na mesma locação que a foto acima com situação de luz semelhante.

Na fotometria dos Kodak Portra o raciocínio para alcançar toda informação da cena é sempre superexpor até o ponto onde as sombras sejam a referência de 0 do fotômetro.

Para subexposição (qualquer filme, na verdade), a informação se perde rapidamente. Mas na superexposição o limite é bem alto, senão o maior que já vi.

Grão e nitidez da família Portra

Na fotografia analógica grão e nitidez estão 100% interligados. Quanto mais grão num filme, menos nitidez temos, pois o filme não consegue resolver detalhes pequenos.

Neste review vou falar de como estes filmes se comportam, de acordo com sua sensibilidade. Não dá pra comparar a resolução de um filme 800 com um de ASA 160.

Como já mencionei acima, o Portra 160 é o cavalo de batalha dos Portra em relação à resolução. Ele alia velocidade razoavelmente alta com grão muito fino para um filme com esta sensibilidade. Por isso é possível extrair muita informação de qualquer fotograma se bem exposto e focado.

Recorte de foto com Portra 160 para review de nitidez
Recorte 100% da imagem postada mais acima no texto. Mesmo em f/2.4 (abertura completa da objetiva), a nitidez na área focada é grande, mesmo tendo escaneado o negativo com montagem seca em um EPSON V550.

O potra 400 segue mantendo o grão muito fino, mesmo comparativamente ao 160. Veja o recorte do retrato abaixo.

Grão do Portra 400

Mesmo a versão 800 da emulsão se comporta muito bem com a quantidade de grão presente para um filme dessa sensibilidade. se bem exposto.

Filme ASA 800, recorte para review de nitidez

A única ressalva é: espere bastante grão se subexpor mesmo que um pouco este filme. A Kodak recomenda seu uso como 1600 sem qualquer alteração no processo do laboratório, mas minha experiências neste caso resultaram em imagens com muito grão, mesmo fotografando com câmera de médio formato.

Foto analógica granulada
Kodak Portra 800 crop com grão e granulação
Crop da imagem acima para que você possa ver a quantidade de grão do Portra 800 quando subexposto.

Para quem é a família Kodak Portra

Como você pôde ver, esta família de filmes atende a vários usos diferentes. Vou começar esta parte do review já classificando o usuário do filme pelo preço. Se você não faz questão da latitude ou dos tons característicos dos Portra, não vale a pena comprá-los.

Em geral são mais caros que todos os filmes (começando em R$50 o rolo aqui no Brasil) e por isso não são uma boa escolha para quem ainda erra muito. Com eles, errar é caro.

Kodak Potra 400 com modelo flutuando em água verde de lago

Indico os filme para quem precisa daquela pitada de resolução extra, principalmente os usuários de 35mm. No formato menor a resolução levemente maior dos Portra ajuda a tirar scans maiores ainda com nitidez preservada. Comparativamente, acho difícil conseguir este nível de detalhe usando filmes amadores.

Com tons mais lavados, não sei se indicaria nenhum dos Portra para fotografia de paisagens e cenas onde cores mais vivas e saturadas sejam importantes. No entanto, se você é fã de muita latitude nas suas fotografias, o Portra 400 pode ser uma boa escolha por ser imbatível nesta área.

Retrato de mulher de pele negra no pôr dos sol
Kodaok Portra 400

Tons de pele são o que mais saltam aos olhos na família Portra. E quando digo tons de pele, me refiro a todos os tons de pele. Não à toa é o filme preferido dos retratistas (eu incluso).

Pra quem é cada um dos fimes

Para finalizar o review, digo para quem e o que cada um dos filmes é.

Kodak Potra 160: para quem fotografa em estúdio. Confesso que no médio formato pode ser um filme difícil para externas de luz natural em qualquer situação que não seja ensolarada. Mesmo assim, acredito que posso indicá-lo com segurança para fotógrafos de 35mm que gostem de usar grandes aberturas abaixo de f/2.8.

Kodak Potra 400: o mais versátil de toda a família, de maior latitude e melhores tons de pele. Por isso é o meu favorito. Sem sombra de dúvidas o melhor para retratos e talvez para quem fotografa rua e goste dos tons lavados.

Kodak Portra 400

Kodak Potra 800: para quem fotografa ação, pessoas se movimentando rápido ou esportes. Também pode ser aquele filme para cenas escuras ou até mesmo à noite. Cenas de iluminação noturna onde se queira evitar o uso de flash.

Concluindo o review

Termino por aqui e espero que você tenha gostado. Adicionalmente, já digo que este review é absolutamente parcial pois sou amante declarado de toda família. Tem fotos feitas com um Portra? Alguma opinião diferente? Poste aqui nos comentários. Que este post vire uma conversa.

Conheça meu Curso de Fotografia Analógica em São Paulo.

Você pode revelar seus filmes P&B e coloridos comigo.

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *